Sul Realismo

debaixo de um guarda-chuva
mais veloz que um corredor
surfa a linha imaginária
sobre a linha do equador

pisoteando aquelas uvas,
cadê chacrinha alôalô?!
ouvindo a voz da Martnália
do Pelé gritando gol

domingo, 30 de maio de 2010

O som da Terra - O Retorno

Mas então? Qual seria o som da terra? Não. Não faço a mínima. É um enigma. Poderia ser tanta coisa. O ruflar das asas de uma borboleta, a água da cascata se quebrando nas pedras do riacho, o barulho do trânsito, a vizinha brigando com o namorado e dando uns tapas no coitado, meu violão desafinado, o canto da arara azul, o timbre suave e melódico da voz de uma garota que eu conheço... íh!, acabei de lembrar... essa garota que eu conheço... tenho uma dívida com ela. Quem é ela? Ela é sensacional! Simpática, agradável, inteligente, esperta, bem-humorada e, além de tudo, linda...
Peraê!! E o que tem ela a ver com o som da terra?!
Tudo. Ela me fez essa pergunta:
-Pedrão, qual é o som da terra?
-Não entendi...
-O som da terra? Você não sabe?
-Humm... Sim. Claro que sei. (não! claro que não!). Na perspectiva... hãmh... da macro economia baseada no... no.. desenvolvimento sustentável e.. na.. êh... hã.. produção agrícola vinculada à dieta vegana que está.. êh..hã.. ... associada aos movimentos sociais contemporâneos pró-ativos: sejamos humanos!, salve a terra!, ela precisa de nós e tals?
-Isso Pedrão! Você foi no ponto! Você é genial! Esquece, ela não me disse isso...
-Não Pedrão! Nada a ver hauha! Você tá viajando! Te perguntei porque você visitou lá o museu em Brumadinho...

Ah sim! Me recordo! De fato visitei um museu que tinha uma obra intitulada "o som da terra". Ela ficou sabendo e, curiosa, quis saber de qualé. O problema é que evocar os fatos da memória é um trabalhão. Principalmente no que tange a memória sonora de longo-prazo. Eu estava atrasado (como sempre) e ela precisava seguir rumo. Daí, me propôs o seguinte: eu escreveria algo sobre a experiência de ter ouvido o som da terra e, em troca, ela me daria alguns presentes produzidos pelos povos exóticos das regiões mesopotâmias, árticas e antárcticas que ela visitaria, como os bosquímanos no Kalahari, os esquimós do Alaska, os aborígenes australianos, as mulheres cubanas (que passam o dia enrolando charutos), as mulheres de holanda (que passam o dia fumando maconha) e os homens sem cabeça que vivem no Triângulo das Bermudas (esses foram descobertos por Marco Polo). Enfim, ela disse que me traria diversas lembranças dos lugares e vilarejos por onde passaria em sua viagem antropológica. Diante do fato, refleti, ponderei, achei que seria interessante bacana tals e topei. Afinal, não é todo dia que aparece uma proposta dessas. Assim, cá estou, cumprindo o trato.

O som da terra é uma obra de arte interessante. Os caras engarrafaram o barulho do BigBang há 4 bilhões de anos atrás e deixaram exposto lá no museu pra quem estivesse disposto a pagar 10 reais a meia. Eu tive. Eu e Pedrin, meu xará. Engarrafar o som? Qualé! Tudo bem, na verdade eles fizeram uma gravação analógica com fita K-7, a tecnologia disponível na época...
Calma, calma! ...eu tô enrolando eu sei.... Mas sem suspense não tem graça.
Aguarde o próximo capítulo...
(e não me esquece as penas dos curumins, preciso enfeitar a sala)



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