Sul Realismo

debaixo de um guarda-chuva
mais veloz que um corredor
surfa a linha imaginária
sobre a linha do equador

pisoteando aquelas uvas,
cadê chacrinha alôalô?!
ouvindo a voz da Martnália
do Pelé gritando gol

quarta-feira, 28 de julho de 2010

o pierrot apaixonado


"No trajeto viu pela última vez, sua bela amada movimentar-se ao som de uma linda canção de um violinista da rua. Vendeu então para um desconhecido seus olhos. Já que não suportaria vê-la com outro. E o coração a um jovem cansado, que passava por ali. Como poderia deixar bater aquele que existia apenas, para dar vida a um homem que só queria ver sua colombina passar? E assim Anacleto sucumbiu ao estranho desejo de amar." 
Sucumbiu? Sucumbira?
- Não, não posso aceitar. Por mais nobre que pareça tal ato é destituído de nobreza. Precisas entender que o que fazes é uma afronta à tua própria dignidade. Estou aqui jovem e doente, carente de forças, debilitado, enquanto tu tens a energia vital da juventude sadia, toda liberdade para correr para onde quiseres e, bem sabes, a liberdade é o alimento da alma.
Não. Não para a alma de Anacleto cujo único alimento era a seiva do amor de Melinda, tua paixão, tua Colombina.
- Ofereço-lhe porque vejo que estás doente. Mas, assim como fez Melinda, não aceitaste meu coração. Seja feita vossa vontade, ele morrerá comigo neste mar de solidão.
O homem não estendera as mãos, pois recusara o coração do Pierrot apaixonado:   
- Não sejas tolo! Vendeste teus olhos e não enxergas mais. Saibas que posso ver a tua amada a poucos metros... do teu lado, e lhe digo, meu caro, ela olha para ti... com olhos vermelhos de paixão, olhos verdes de afago, olhos negros de ternura, olhos molhados de dor.



ilustração: sem referências. envie o link

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